Há um ano, o terremoto de 8,8 graus e o posterior tsunami que assolaram a região centro-sul do Chile mataram mais de 500 pessoas e geraram prejuízos de 30 bilhões de dólares. O país está se recuperando e oferece aos sismólogos uma lição sobre efeitos secundários mais literais.
As ondas sísmicas liberadas durante o movimento da falha chilena viajaram pelo mundo várias vezes e provocaram microterremotos na região central da Califórnia.
Apesar de ainda haver temores de que outro grande terremoto atinja a região, o país tomou ações imediatas logo após o desastre para que a vida voltasse à normalidade. O terremoto de 27 de fevereiro ocorreu pouco antes da posse do novo presidente, Sebastián Piñera. Seu Ministro das Finanças, Felipe Larrain, assumiu o cargo em março com um pacote de reconstrução de 84 bilhões de dólares, o que, segundo a Reuters, incluía “uma mistura de emissão de títulos públicos, royalties maiores cobrados das companhias mineradoras e recursos provenientes da exploração do cobre”.
Os investimentos valeram a pena, como relatou a Reuters na sexta:
“Apesar de os abalos secundários ainda servirem como um lembrete constante do desastre, a combalida indústria de polpa de madeira do Chile está de volta, e os setores de frutas e vinhos, muito atingidos, estão em plena recuperação. O Chile, primeiro produtor de cobre do mundo – setor que escapou praticamente ileso do tremor – está crescendo cerca de 6% ao ano, impulsionado pela alta recorde dos preços do cobre”.
Este crescimento também ocorreu após o desmoronamento de uma mina de ouro e cobre no deserto do Atacama, perto de Copiapó, em agosto. O mundo assistiu ao resgate de todos os 33 mineiros em outubro.
Geólogos que investigam os registros sismológicos do terremoto, o mais violento a atingir o Chile desde o tremor de magnitude 9,5 em 1960, descobriram que as ondas de superfície estão desencadeando microterremotos em outras partes do mundo logo após um evento de grandes proporções. O fenômeno intrigou os cientistas por algum tempo, já que microterremotos podem ocorrer horas depois da passagem das ondas de superfície.
Teorias anteriores que explicam o atraso consideraram os microterremotos tardios como abalos secundários ou como resultado da redistribuição de fluidos em espaços porosos.
“Concluímos que os abalos tardios que ocorrem nas primeiras horas depois de um terremoto poderiam ser causados por múltiplas ondas de superfície que viajam de um lado a outro do planeta diversas vezes”, disse o chefe da pesquisa, o geólogo Zhigang Peng, do Instituto de Tecnologia da Geórgia, em um release divulgado na sexta.
Em um estudo publicado na revista Geophysical Research Letters em dezembro, Peng e sua equipe identificaram que os microterremotos da Califórnia estavam diretamente relacionados às ondas sísmicas que viajaram pela superfície da Terra após o tremor chileno. No estudo revisado, agora disponível da versão on-line da revista, a equipe relata que diversas ondas de superfície que horas depois provocaram os microterremotos atravessaram o planeta várias vezes.
Postado por: Caio Mendel
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