Mãe Social é a pessoa responsável por educar e cuidar de crianças, adolescentes e jovens que por diversos motivos tiveram seus vínculos familiares fragilizados ou rompidos (negligência, discriminação, abuso e exploração).
Um dos objetivos do nosso trabalho é que as crianças voltem a conviver com suas famílias de origem. Trabalhamos para a reintegração dessas crianças, fazendo o possível para que o vínculo com a família não se rompa.
E a Mãe Social (Cuidadora Residente) é a peça mais importante deste trabalho! Seu papel é dar carinho, amor, orientação, passar valores para essas crianças. Ela acompanha e apoia o desenvolvimento deles para que se tornem adultos independentes e responsáveis no futuro.
Cada Mãe Social é responsável por até 9 crianças e vive numa casa-lar junto com elas! Está no dia a dia de cada criança: leva para a escola, ajuda a fazer o dever de casa, leva ao médico quando precisa, cuida da casa, enfim, todas as atribuições de uma mãe.
Ela se torna uma referência para as crianças acolhidas e recebe o apoio da equipe técnica formada por assistente administrativo, assistente social, assistente de desenvolvimento familiar, coordenação e gestão.
Ela é uma profissional com carteira assinada e passa por uma rigorosa seleção.
Conheça a história de uma mãe social, abaixo:
Maria de Fátima: uma mãe de verdade!
Maria de Fátima Santos, ingressou na Aldeias Infantis SOS Brasil, em 1984, como mãe social, e soma 28 anos de dedicação através da maternidade intensiva, e cheia de cumplicidade.
Uma mulher de coragem inabalável, presença indomável, com a palavra veloz e humanizada pela ternura, firme e equilibrada, ao longo de sua trajetória conquistou centenas de coraçõezinhos, ao ponto de ser chamada de “Mulher Coração”. É considerada a grande heroína das crianças e adolescentes, modelo de cuidado e posicionamento para as outras mães.
Por diversas ocasiões, foi membro do Comitê de Gestão e tutora de mães substitutas. Viajou para a Aldeia de Porto Alegre, a primeira do Brasil, semeara a segunda Missão SOS no Brasil Central, a Aldeia de Brasília. Fátima devolvia gratidão e dava exemplo para as pioneiras do Sul do país.
Pela luz de seus olhos e carinhosos cuidados passaram 43 crianças, entre as quais 20 delas permaneceram entre 9 e 16 anos como seus filhos. Desde 1984, cada rosto, cada ano e muita história tem sido o centro de conversas nos chás da tarde com os vizinhos e amigos.
Todos os Natais e Páscoas foram carregados de emoção, de sentimentos que cobriram árvores e chamavam os “coelhinhos” para dançar em casa com seus filhos. Até peças de teatro montou em casa, onde cada filho e filha protagonizava seu papel.
Maria de Fátima viveu grandes momentos como mãe e mulher na Organização. Olhando para trás, sente que o tempo correu, o milênio chegou, o coração renovou e a idade não esfriou seu fervor de amar e servir, desde quando chegara do nordeste brasileiro para uma aventura na nova Capital do país. Com ela veio sua filha biológico Jussara, 7 anos, que ganhou um grupo de irmãos e irmãs pelas quais mantém contato e disposição para ajudar quando precisam. Até hoje, como irmãos, se visitam e passam as festas reunidos. Fátima provou que o verdadeiro amor de mãe se amplia e não pratica discriminação.
No final de outubro do ano 2000, o coração de Fátima sente que pode parar e a vida deixar de brilhar entre os seus. Os médicos diagnosticaram uma lesão que foi solucionada por uma cirurgia. Na passagem do milênio e de coração “reformado” continuou a jornada com as suas crianças. A diferença foi a chegada de um novo capítulo de vida com o advento das novas leis brasileiras para a garantia de cada criança no lar onde nasceu.
Um parecer técnico, datada de 07 de março de 2001 e que fora assinado pelo gestor Nelson Peixoto, traz a seguinte mensagem: “A equipe estudou e decidiu em que família Daniel faria parte como filho; Fátima tem de acolher como ninguém para o bem estar desta criança com o histórico que traz; apesar da saúde fragilizada, acreditamos ser a melhor casa lar”. Acolheu em sua casa o pequeno Daniel, 5 anos. Providenciou um bolo. Adriano repartiu seu carrinho. Bianca o beijou demoradamente. Cada irmão teve uma tarefa para abraçá-lo.
Em 2001, Daniel, com 5 anos de idade chegou para compor a família e encharcou a vida de Maria de Fátima com as sementes amortecidas dos anos que cansaram seu coração e entupiram suas artérias de emoção. As buscas se renovaram, ressuscitaram-se as esperanças. Sobre a vocação, disse Maria de Fátima “por causa desses pequenos brotos arrancados que encontraram o jardim para florescer. é que aqui estamos”. Sim, eles vão fixar raízes, seus galhos vão solidarizar-se com outros, darão sombras ao meio dia, e resplandecerão com o brilho em cada manhã orvalhada de luz. E dessa vez, nenhuma lei vai torcê-los, reduzindo-os a “menores carentes”, amparados pela caridade alheia, porque são sujeitos de direitos.
Mãe Fátima nos revelou que fora premiada na alvorada do novo milênio. Apesar de duas pontes de safena, acreditava em seu coração novo e sofrido por tantas coisas que passou, para fazer seus caminhos de autonomia.
E, a cada Natal voltavam para tomar-lhe a benção: Antonio Ilson, Maria Avelina, Maria Rita, Adriano. Esse último, menino quieto colocado pelo juiz para adoção. Entretanto, quando fazia estágio de convivência com os possíveis futuros pais comportava-se para que ninguém o quisesse adotar. Mas eis que um belo dia chega uma senhora de muita idade que se tornou amiga da mãe Fátima. Dias mais tarde, se descobriu ser a avó de Adriano. Daquela amizade, começou o menino a entender para onde iria definitivamente. Escolheu sua avó e levou Maria de Fátima para sempre em sua vida, onde aprendera a ser filho e a sentir o que é ter uma mãe de proteção.
Como que vivendo de lampejos em noites escuras, Fátima preferiu ver as estrelas que deu luz e tornarem-se seus filhos nesses anos todos de amor a toda prova. E as amigas não desmentem: “Essa Fatinha é uma fada, é mulher de sete vidas, de todas as horas para aqueles que viu desabrochar para vida e a cidadania, uma leal companheira de caminhada”.
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