quarta-feira, 20 de abril de 2011

19.04.2011 - Homenagem a Tamoios no Dia do Índio


   O 2º Distrito de Cabo Frio chama-se Tamoios por ter sido um dos últimos focos de resistência da Confederação dos Tamoios.

O Último Tamoio (1883), uma das obras mais notórias de Rodolfo Amoedo.

 
   O termo tamoios se refere a uma aliança de povos indígenas do tronco lingüístico tupi que habitavam a costa dos atuais estados de São Paulo (litoral norte) e Rio de Janeiro (Vale do Paraíba fluminense). Esta aliança, liderada pela nação tupinambá, congregava também os guaianazes e aimorés. Portanto "tamoio" não se trata de um etnônimo, ou seja, de uma tribo ou nação indígena específica.

   O termo "tamoio" vem "tamuya" que em língua tupi significa "os velhos, os idosos, os anciãos", indicando que eles eram as mais antigas tribos tupis, os que mais prezavam os costumes tradicionais.

   A aliança de tribos, conhecida como Confederação dos Tamoios, foi motivada pelos ataques dos portugueses e mestiços vicentinos (da atual cidade de São Vicente), liderados por João Ramalho e pelo cacique Tibiriçá, que procuravam capturar escravos entre os indígenas para trabalhar nas primeiras plantações de cana-de-açúcar.

   A aliança foi formada, em 1560, por três experientes caciques tupinambás e mais algumas aldeias das etnias goitacás, guaianás e aimorés, com o claro objetivo de dar combate aos portugueses (por eles chamados de "perós") e às tribos que os apoiassem. Por décadas, os Tamoios foram a única resistência organizada contra a colonização portuguesa. Segundo relatos dos Jesuitas, os tamoios impuseram memoráveis vitórias utilizando apenas 160 canoas, embora algumas delas tivessem 13 metros de comprimento e 30 tripulantes.
Distribuição dos grupos de língua tupi na costa no século XVI.

   O líder de maior autoridade dentro da coalizão era o cacique tupinambá Cunhambebe. Enquanto ele viveu, a coalizão antilusa foi bem sucedida tendo recebido, inclusive, apoio logístico e alguns contigentes franceses. Consta que na aldeia de Cunhambebe, no sítio da atual cidade de Angra dos Reis, havia no meio da taba uma peça de artilharia dada pelos franceses. Os jesuitas dão conta de que o cacique atirava com um canhonete por sobre o ombro. Operacional ou mero enfeite, ela seria uma evidência do poder dos tamoios.

   Os relatos do mercenário Hans Staden também confirmam a força dos Tamoios, capazes de sitiar Bertioga várias vezes, assim como a escola jesuíta que deu origem à cidade de São Paulo.

   Cunhambebe morreu de varíola e a direção da coalizão passou a outro cacique-fundador da coalizão, Aimberê, que comandava os guerreiros da baía de Guanabara. Os portugueses convenceram o cacique Temiminó Araribóia, que tinha sido expulso por Aimberê da ilha dos Gatos (atual Ilha do Governador, na atual cidade do Rio de Janeiro) para as bandas da capitania do Espírito Santo, a se juntar a ele em troca das terras na baía de Guanabara.

   A coalizao foi enfraquecida pela saída dos Guaianases, que fizeram um acordo em separado com os Jesuítas. Em 1567, os portugueses e os Temiminós destruíram a França Antártica, apesar da ajuda da Confederação dos Tamoios aos franceses (por eles chamados de maíres). Os remanescentes franceses e tamoios fugiram para a região da atual cidade de Cabo Frio. Os franceses derrotados retornaram a Europa, mas os Tupinambás prosseguiram seus ataques a recém-fundada cidade do Rio de Janeiro.

   Finalmente, em 1575, uma força expedicionária de quatrocentos lusos e setecentos nativos catequizados de varias etnias cercaram a região de Cabo Frio por terra e mar. Os tupinambás tamoios se renderam e entregaram suas armas, mas os portugueses massacraram todos os índios desarmados. Foi o fim da Confederação dos Tamoios. Os Goitacases prosseguiram a luta sozinhos por vários anos em torno da atual cidade de Campos dos Goytacazes.



Postado por:
Hiago Aguiar (14 anos)

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