segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Dança de salão entra na rota das baladas

Dança de salão entra na rota das baladas


Cansada das baladas eletrônicas, moçada bate ponto em casas noturnas onde o objetivo é dançar. Alguns se animam tanto que fazem até aulas de dança.
Se um dia você for convidado para uma balada onde a dança de salão dita o ritmo, não espere encontrar apenas pessoas com idade para ser seus pais ou avós. Jovens não só freqüentam esses lugares, como deixam de lado o famoso "dois pra lá, dois pra cá" e dão um show nas pistas, mostrando que saber dançar juntinho não é "coisa de gente velha".

Cansada das baladas eletrônicas, essa moçada bate ponto em casas noturnas onde o objetivo é dançar mesmo. Todos os dias da semana é possível encontrar clubes que oferecem noites dedicadas a ritmos como a salsa, o zouk, o samba e muitos outros.

A estudante Fabiana Chagas Leite, de 18 anos, é uma freqüentadora assídua desses clubes. Ela começou a freqüentá-los depois de começar a fazer aulas de dança. Antes disso, ia a baladas de música eletrônica e diz que essas festas já não têm mais graça. "Quando você vai em uma balada, digamos tradicional, tem muita bebida, música alta, não dá pra conversar direito e os caras estão sempre atrás de mulher. Nos locais onde vou atualmente, as pessoas vão pra se divertir e dançar mesmo. O ambiente é bem mais gostoso."

Outra dançarina animada é a estudante de fisioterapia, Marlise Ribeiro de Carvalho, de 20 anos. Ela sai para dançar pelo menos três vezes por semana, depois que começou a fazer aulas. Marlise diz que antes era muito tímida e quase não saía. Sua irmã, Mayara, de 19 anos, também freqüenta os clubes, especialmente para dançar salsa, zouk e samba da gafieira. Segundo ela, a maioria das pessoas que vão a esses lugares são jovens e a quantidade de mulheres é grande.

O clima nessas casas é de amizade, já que elas são pontos de encontro para quem curte dançar. "As pessoas que vão nesses lugares acabam se conhecendo. Já sabemos quem vai nesta ou naquela balada", afirma Fabiana.

Mas não é preciso ser um Patrick Swayze em Dirty Dancing - Ritmo Quente ou uma Jennifer Lopez em Dança Comigo? para freqüentar esses lugares. Todos são bem-vindos, até quem pisa no pé, do iniciante ao profissional. Algumas casas até oferecem uma espécie de "curso rápido" no começo da noite para que os visitantes menos experientes não fiquem muito perdidos.

Das pistas para as aulas



Os jovens que vão para casas de dança não são necessariamente especialistas no assunto. Muitos deles vão pelo simples prazer de dançar, mesmo não sabendo a técnica dos passos. Mas há aqueles que gostam tanto que procuram escolas e academias para aprimorarem suas habilidades.

"Nunca achei que fosse gostar de dançar, quanto mais entrar em uma escola e aprender", diz o estudante Bruno Fernando da Silva, de 17 anos. Foi quando um amigo o convidou para assistir a uma aula que ele passou a ver a dança com outros olhos. Depois disso, inscreveu-se por brincadeira. A brincadeira já dura um ano, pelo menos uma vez por semana, nas aulas de dança.

"É um pecado que a dança de salão tenha esse estigma de ´dança de velho´. Aí alguns jovens ficam um pouco afastados", afirma o professor Roberto Motta. Ele dá aulas no Centro de Dança Jaime Arôxa Zona Norte, que conta com cerca de 400 alunos, uma grande parcela deles jovens. Segundo ele, a mídia está dando mais atenção à dança. É só ligar a TV e não é difícil encontrar casais rodopiando em vários concursos e programas de auditório. Com isso, o jovem se sente mais encorajado a aprender.

Jovens dançarinos



Grupo de Dança de Salão do Tô Ligado, Coordenado pelo jovem André Luiz Ferreira

"Todo jovem deveria fazer dança de salão. Ele precisa começar a desenvolver, quanto mais cedo possível, as características de condução, liderança, carinho, cuidado com o outro, responsabilidade, cavalheirismo, vários aspectos que fomos perdendo nas duas últimas décadas e que a dança de salão resgata" defende Motta.

Para ele, homens e mulheres procuram a dança por motivos diferentes. Elas vão em busca de uma atividade prazerosa para aliviar as tensões do dia a dia, que permita fazer amigos e quem sabe conhecer alguém especial. Eles, geralmente, são arrastados pelas esposas e namoradas ou, se são solteiros, buscam os cursos para conhecer garotas ou para se tornar menos tímidos perto delas. Seja qual for o motivo, o professor diz que os rapazes acabam se apaixonando pela dança.

O estudante de Educação Física José Pinto Júnior dança há 4 anos e confessa que, no começo, teve um pouco de preconceito. "Tinha uma imagem de que dança de salão era coisa de velho, que bolero era uma coisa careta. Mais depois que você começa a fazer, muda esse pensamento", afirma.

Ritmo envolvente


A dança de salão é o nome genérico de ritmos sociais, dançados em dupla. Salsa, bolero, zouk, samba, forró, merengue e tango são alguns deles. Cada estilo tem suas características próprias. Dos mais lentos aos mais agitados, a dança de salão tem um gênero que agrada a todos os gostos. Só é preciso descobrir qual deles tem mais a sua cara.

Além de trazer todos benefícios de um exercício físico, a dança de salão é uma atividade social e transmite uma sensação de bem estar psicológico. A maioria dos jovens que dançam atestam uma mudança em seu comportamento: menos timidez, mais confiança, mais vontade de curtir os amigos e até de sair para a balada.

O estudante de Educação Física Leandro Simplício Roque, de 24 anos, começou a dançar há seis anos, por incentivo dos amigos de colégio que organizavam apresentações. Ele admite que no início foi atraído pela quantidade de mulheres, mas depois o prazer de dançar fez com que ele continuasse. Desde 2001 ele faz aulas e pretende ser professor de dança. "A dança mudou meu jeito de ser. Era completamente travado e hoje tenho confiança, converso com todo mundo e consigo me aproximar mais das pessoas".

Os irmãos Taryk, de 13 anos, e Talyta Lobato, de 16 anos, também dizem que a dança melhorou vários aspectos de sua personalidade. "Além de perder a timidez, nosso relacionamento como irmãos melhorou muito. Brigamos menos e somos mais amigos", diz Talyta. Os dois fazem aulas há cerca de um ano e afirmam não terem sofrido preconceito.

Preconceito



Além do rótulo de ser "coisa de gente antiga", muitas pessoas - principalmente os homens - têm medo de começar a dançar por medo do que os outros vão pensar. Só a idéia das brincadeiras de amigos e parentes já é motivo para desencorajar quem tem vontade de aprender.

"No começo eles brincam: ´olha o bailarino´. Mas depois, quando me vêem dançando, acham legal, sempre pedem pra dançar comigo e que eu ensine alguns passos", afirma Leandro. "No começo meu pai achava que eu era gay, mas hoje ele já me vê como um profissional", acrescenta.

Apesar das eventuais brincadeiras. Os alunos acreditam que, atualmente, o preconceito diminuiu. No passado, o fato de um homem dançar era associado à homossexualidade. Atualmente, a desenvoltura nas pistas passou a ser vista como um diferencial e um atrativo para as mulheres.

Dança da vez


Quem acha que a dança de salão ficou nos bailes da terceira idade, parece se esquecer que o forró há tempos faz a alegria da moçada nas pistas. O ritmo foi recuperado pelos universitários, que redescobriram a graça de dançar juntinho e gastar a sola no salão.

E, pra quem não quer ficar de fora da próxima mania nas pistas, o professor Motta avisa: "A salsa e o zouk serão os próximos ritmos do momento. Aqueles que daqui a dois ou três anos todos os jovens estarão dançando.

A salsa é mais conhecida, veio de Cuba e surgiu da fusão de ritmos caribenhos. É animada e sensual, podendo ser dançada mais solta ou juntinho do seu par.

O zouk ainda não é tão famoso. Mas você com certeza já ouviu na rádio (e dançou) o hit Gasolina de Daddy Yankee. O estilo da música é o reggaeton, mistura repaginada de lambada com hip hop. E como se dança? Com o zouk e seus movimentos rápidos e circulares.

E é assim, com a mistura de ritmos já conhecidos com novas linguagens, que a música move o mercado da dança para o jovem, colocando a dança de salão de volta nas pistas e no gosto da galera.

Primeiros Passos

Quem quiser aprender dança de salão pode escolher alguma academia ou escola para começar. Um curso para iniciantes, com aulas uma vez por semana, custa em média R$ 80. Existem aulas para todos os gostos e bolsos dos dançarinos de primeira viagem.

Algumas escolas concedem descontos para casais e oferecem pacotes com preços especiais para quem resolve fazer aulas de mais ritmos. Para começar só é preciso disposição e vontade de aprender.

Fonte: estadao.com.br

Postado por: André Luiz Ferreira- 16 anos
                     (Coordenador do Grupo de Dança de Salão do Tô Ligado)

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